quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SÓ OS LOUCOS CONTAM ESTRELAS



Não sou e nem nunca fui perfeita, mas pelo menos não fico ameaçando o tempo todo, nem ele mesmo aceitaria este tipo de comportamento se viesse de mim. Por que faz comigo o que detesta que façam com ele? Se preciso fazer tarefas domésticas para usufruir da presença dele então é melhor que eu sozinha. É largo o caminho das distâncias e o percorrido fica gravado na CPU da mente, mas a gente acessa se quiser. E todos os sacrifícios que faço para o bem de todos? Não valem de nada? Esperar reconhecimento não é tarefa das mais agradáveis. Luzia chega esta manhã e a casa nem arrumada está, ele disse. Eu nada falei, pois arrumado está o meu coração que a-cor-dou louco de saudade dos passeios no Centro da cidade às altas da noite. Podemos contar as estrelas, perguntei. Ele respondeu que os loucos contam estrelas e que eu fizesse o mais rápido possível a lista do supermercado. Não fiz. Preferi desfiar palavras a gosto do tempo. Antes de ouvir que eu não prestava pra nada decidi trancar os olhos a boca a língua e tudo o mais. Luzia chegaria esta manhã e eu, como a poesia, poderia prestar para o lixo, mas mesmo assim catarei teimosa as fagulhas da lua. Exatamente assim, como os loucos e fétidos fazem.

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