domingo, 16 de junho de 2013

SEU NOME


Descobri a forma e pensei a maneira mais exata de usá-lo, o finíssimo arame grudado em brasão prateado. Difícil saber seu nome,   não nos servimos dele em tempos de consumo descartável, e nas indústrias deve haver algo mais moderno e prático. No entanto, intriga-me as sinapses. Fitando-lhe o corpo, decido que ele merece nome pomposo. Guardei-o longe das vistas  de quem quer que fosse, o privei de descasar-se pelo suor dos dedos calejados ou suaves de uma dama de unhas feitas, esculpidas em vermelho, e devia mesmo estar longe das crianças, na possibilidade que o engulam. Leve demais, flutuaria nas tramas do intestino até a água final. Minha avó talvez o guardasse entre dedais, agulhas, ovos e arcos de madeira. Eis que o descubro, losango fino e flexível, de igual movimento e ternura, mas sem as carnes tenras que recebem as águas turvas do amor. Passada a linha, volta à gaveta de onde nunca deveria ter saído. Enclausurado, o brilho jubiloso não mais lembrará do que pode e deve, ser esquecido.

(22/03/2013)


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