Desde o momento em que você me toque, não sei o que nascerá. Se místicos silêncios, míticas criaturas, mínimos convites à ventura tortura-nte de dividir-se ou multiplicar-se, ou este silêncio nada insepulto que me veste ao revés como de um jeito fúnebre que não combina-nada com esta idéia de nascer e muito menos de nascer em setembro, em plena veste primaveril, ou de ver em ver-sículos in-visivel--mente escritos. Não chora. Ainda que se bata em suas nádegas não chora. Fala com as mãos que manipulam o olhar estático dos meus sons. Eu que não vi, olhei envis-tesado com o meu olho esquerdo, mas falta a lente de contato. Os dedos doem, me custa falar com as mãos o que o ouvido não dá conta de ver e o olho direito, repleto das degenerações reticulares ou maculares – me parece melhor – como disse a médica que examinou-me a fundo a janela direita, dá forma a tudo o que vai lá, mas perde o que vem. Deste modo quem pode amar assim? O que nascerá desta febre que dá e passa em setembro se nada se deixa ver de perto do lado direito? Passarei espaçosa ao longe do meu lado emocional que dói todo – o direito que nada tem de direito – de tão usado e desgastacionado pelos movimentos que danam a repetivividade. Deitarei espessa no fato de que precisarei de lentes para ver de perto, mas quem me garante a vera-cidade do que me vem achegar-se? Leia para mim! Leia para mim as pálpebras do meu amado, ou os pêlos mais finos do seu peito para que em mim derramado, eu possa vê-lo sem recurso, a alma e a cútis, numa plenitude que só no escuro se possa enxergar. Assim nascerá, em setembro ou em qualquer mês janeleiro. E derradeiro em mim, ganhará mundo.
25 de agosto de 2007, depois de assistir ao documentário “Janela da alma”
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